O Médium do Anticristo II
Alfred Rosemberg, o futuro teórico do nazismo, era então o
profeta do Anticristo e se incumbia de questionar os Espíritos manifestantes.
Ravenscroft afirma que teria sido Rosemberg quem pediu a presença da própria
Besta do apocalipse, que na sua opinião(de Rovenscroft), sem dúvida dominava o
corpo e a alma de Adolf Hitler, através das óbvias faculdades mediúnicas deste.
Essa manifestação do Anticristo em Hitler foi assegurada por mais de uma
pessoa, além do lúcido e tranqüilo Dr. Walter Johannes Stein. Um desses foi
outro estranho caráter, por nome Houston Stewart Chamberlain, um inglês que se
apaixonou pela Alemanha e pela causa nazista. Ravenscroft classifica-o como
genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico.
Também escrevia suas teses anti-racistas em transe, segundo
atestou nada menos que o eminente General Von Moltke, de quem ainda diremos
algo importante daqui a pouco Chamberlain era considerado um digno sucessor do
gênio de Friederich Nietzsche e, segundo o próprio Hitler, em "Mein
Kampf", "um dos mais admiráveis talentos na história do pensamento
alemão, uma verdadeira mina de informações e de idéias". Foi quem expandiu
as idéias de Wagner, desvirtuando-as perigosamente, ao pregar a superioridade
da raça ariana.
Segundo testemunho de Von Moltke, Chamberlain evocou inúmeros
vultos desencarnados da história mundial e confabulou com eles. Que era uma
inteligência invulgar, não resta dúvida. Os poderes das trevas escolheram bem
seus emissários. Enganam-se, também, redondamente, aqueles que consideram
Hitler um doido inconseqüente que tentou, na sua loucura, botar fogo no mundo.
A julgar por todas essas revelações que ora nos chegam ao
conhecimento, ele sabia muito bem o seu papel em todo esse drama. Recebeu uma
fatia de poder a troco de certa missão muito específica. No domínio do mundo,
se o tivesse conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição
"invejável", como prêmio a um trabalho "bem feito". Ainda
bem que falhou, pois a amostra foi terrível.
Sigam Hitler! Ele dançará, mas a música é minha. Iniciei-o na
"Doutrina Secreta", abri seus centros de visão e dei-lhe os recursos
para se comunicar com os Poderes. Não chorem por mim: terei influenciado a
História mais do que qualquer outro alemão.
Suas palavras não são mero delírio de paranóico. Há muito, nas
suas desvairadas práticas mediúnicas, havia recebido "uma espécie de
anunciação satânica de que estava destinado a preparar o instrumento do
Anticristo, o homem inspirado por Lúcifer para conquistar o mundo e liderar a
raça ariana à glória". Quando Adolf Hitler lhe foi apresentado, ele
reconheceu imediatamente o seu homem, e disse para seus perplexos ouvintes: -
Aqui está aquele de quem eu fui apenas o profeta e o precursor.
Coisas espantosas se passaram no círculo mais íntimo e secreto
do Grupo Thule, numa série de sessões mediúnicas (Ravenscroft chama-as,
indevidamente, de sessões espíritas...), das quais participavam dois sinistros
generais russos e outras figuras tenebrosas.
A médium, descoberta por certo Dr. Nemirocitch-Dantchenko, era
uma pobre ignorante camponesa, dotada de variadas faculdades. Expelia pelo
órgão genital enormes quantidades de ectoplasma, do qual se formavam cabeças de
entidades materializadas que, juntamente com outras, incorporadas na médium,
transmitiam instruções ao círculo de "eleitos". Certa manhã de
setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler subiram juntos as
escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se diante da Lança
de Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado veludo vermelho.
Estavam ambos profundamente emocionados, por motivos diversos, é
claro, mas, seja como for, o disparador daquelas emoções era a misteriosa
lança. Dentro em pouco, Hitler parecia Ter passado a um estado de transe,
"um homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso
encantamento mágico havia sido atirado" . Tinha as faces vermelhas e seus
olhos brilhavam estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado
de inexplicável euforia.
Toda a sua fisionomia e postura – escreve Rovenscroft, que ouviu
a narrativa do próprio Stein – pareciam transformadas, como se algum poderoso
Espírito habitasse agora a sua alma, criando dentro dele e à sua volta uma
espécie de transfiguração maligna de sua própria natureza e poder.
Walter Stein pensou com seus botões: Estaria ele presenciando
uma incorporação do Anticristo? É difícil responder, mas é certo que terrífica
presença espiritual ali estava mais do que evidente. Inúmeras outras vezes, em
todo o decorrer de sua agitada existência, testemunhas insuspeitas e
desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes de incorporação,
especialmente quando Hitler pronunciava discursos importantes ou tomava
decisões mais relevantes.
Ao narrar o fenômeno a Ravenscroft, 35 anos depois, o Dr. Stein
diria que: ...Naquele instante em que pela primeira vez nos postamos juntos, de
pé, ante a Lança de Longinus, pareceu-me que Hitler estava em transe tão
profundo que passava por uma privação quase completa de seus sentidos e um
total eclipse de sua consciência. Hitler sabia muito bem da sua condição de
instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista à imprensa, documentou
claramente esse pensamento, ao dizer:
Movimento-me como um sonâmbulo, tal como me ordena a
Providência.
Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma
placidez fria e meditativa, explodia, de repente, em cólera, pronunciando,
alucinadamente, uma torrente de palavras, com emoção e impacto, especialmente
quando a conversa enveredava pelos temas políticos e raciais. Stein presenciou
cenas assim no velho café em que costumava encontrar-se com seu amigo, em
Viena, ali por volta de 1912/1913.
Passada a explosão, Hitler recolhia-se novamente ao seu canto,
como se nada tivesse ocorrido. Naqueles estados de exaltação, transformava-se o
seu modo de falar e sua palavra alcançava as culminâncias da eloqüência e da
convicção. Era como se um poder magnético a elas se acrescentasse, de tal forma
que ele facilmente dominava seus ouvintes. Seus próprios companheiros notariam
isso mais tarde, em várias oportunidades.
Ao se ouvir Hitler – escreveu Gregor Strasser, um ex-nazista –
tem-se a visão de alguém capaz de liderar a humanidade à
glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um homem com um bigode cômico
transforma-se em arcanjo. De repente, o arcanjo se desprende e lá está Hitler
sentado, banhado em suor, com os
olhos vidrados.
Tudo fora muito cuidadosamente planejado e executado, inclusive
com os sinais identificadores, para que ninguém tivesse dúvidas. Nas trágicas
sessões mediúnicas do Grupo Thule, fora anunciado que o Anticristo se
manifestaria depois que seu instrumento passasse por uma ligeira crise de cegueira.
Isto se daria ali por volta de 1921, e seu médium teria, então, 33 ano.
Aos 33 anos de idade, em 1921, depois de recuperado de uma
cegueira temporária, Hitler assumiu a
incontestável liderança do Partido Nacional Socialista, que o levaria ao poder
supremo na Alemanha, e, quase, no mundo. De tanto investigar os mistérios e
segredos da história universal, em conexão com os poderes invisíveis, Hitler se
convenceu de realidades que escapam à maioria dos seres humanos. A história é
realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas,
respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por
aqueles que querem implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo.
Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos,
segundo o seus interesses e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto
seus companheiros permanecem no mundo espiritual – na sombra ou na luz,
conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente. Não é à toa que Göering e
Goebbels, como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros de Hitler. Este,
por sua vez, estava convencido de que um grupo enorme de Espíritos, que se
encarnara no século IX, voltara a encarna-se no século XX. O notável episódio
ocorrido com o eminente General Von Moltke parece confirmar essa idéia.
Vamos recordá-lo, segundo o relato de Ravenscroft.
Foi ainda na Primeira Guerra Mundial. No imenso e trágico
tabuleiro de xadrez em que se transformara a Europa, havia um plano militar
secreto, sob o nome de Plano Schlieffen, que previa a invasão da França através
da Bélgica, antes que a Russia estivesse em condições de entrar em ação.
Helmuth Von Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o Kaiser.
Coube-lhe a responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no plano e
aguardar o momento de pô-lo em ação, se e quando necessário.
O momento chegou em junho de 1914. Jogava-se a sorte da Europa.
Von Moltke passou a noite em claro, na sede do Alto Comando, tomando as
providências de última hora para que o plano entrasse em ação imediatamente.
Estudava mapas, expedia ordens, conferenciava com seus oficiais. O destino de
sua pátria estava em suas mãos e ele sabia disso. No auge da atividade, o
eminente General perdeu os sentidos sobre a mesa de trabalho. Parecia Ter tido
um enfarte.
Chamaram um médico, enquanto seus camaradas, muito apreensivos
depositavam o seu corpo no sofá. Nenhuma doença foi diagnosticada. Na verdade,
Von Moltke estava em transe.
Sua metódica e brilhante inteligência não previra a
interferência da mão do destino, como diz Ravenscroft. Ou seria a mão de Deus?
Julgou-se, a princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal se
percebia sua respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a
vida; olhos abertos vagavam, apagados, de um lado para outro.
O eminente General Helmuth Von Moltke estava experimentando uma
crise espontânea de regressão de memória, durante a qual em vívidas imagens que
se desdobravam diante de seus olhos espirituais, ele se viu como um dos Papas
do século IX, Nicolau I, o Grande, que a Igreja canonizou. Há estranhas
"coincidências" aqui. Segundo os historiadores, Nicolau ascendeu ao
trono papal mais por influência do Imperador Luis II do que pela vontade do
clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o mesmo que protegeu o incrível
Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um milênio depois, seria Adolf
Hitler? Nicolau foi um papa enérgico e brilhante.
Governou somente nove anos incompletos, de 858 a 867, mas teve
de tomar decisões momentosas e que exerceram profunda influência na História.
Foi no seu tempo que se definiu mais nitidamente a tendência separatista entre
as igrejas do ocidente e a do oriente. Foi ele quem elevou a novas culminâncias
a doutrina da plenitude do poder papal. Segundo seu pensamento, o imperador era
apenas um delegado, incumbido do poder civil. Enquanto essas vivências
desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda estendido no sofá, vivia a
curiosa experiência de estar situado entre duas vidas; separadas por mil anos.
Em torno dele, entre as ansiosas figuras de seus generais, ele
identificava alguns de seus antigos cardeais e bispos. Uma das personalidades
que ele também identificou naquele desdobramento foi a de seu tio, o ilustre
Marechal- de- Campo, também chamado Helmuth Von Moltke, o maior estrategista de
sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma das poderosas figuras
medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado, que organizou a defesa
de Roma e comandou seus próprios exércitos. Outra figura identificada foi o
General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen, que também
experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento II.
Ao despertar de sua singular experiência com o tempo, o General
Von Moltke estava abalado até às raízes de seu ser. Caberia a ele, um ex-Papa,
deslanchar todo aquele plano de destruição e matança? Se não o fizesse, o que
aconteceria à sua então pátria? Diz Ravenscroft que, após se reformas, Von
Moltke escreveu minucioso relato daquela experiência notável. Também ele se
deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de Longinus, que certa vez
visitou em companhia de outro General, seu amigo; e, segundo o escritor inglês,
conseguiu apreender o verdadeiro sentido e importância daquela peça, "como
um poderoso símbolo apocalíptico".
Seria realmente um bom General no momento de crise que exigisse
decisões drásticas? Era o que se perguntavam seus adversários, mesmo
reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se retirar do comando, diz Ravenscroft
que ele era um homem arrasado, porque mais do que nunca estava consciente da
tragédia de viver num mundo em que a violência e a matança pareciam ser os
únicos instrumentos capazes de "despertar a humanidade para as realidades
espirituais".
Após a sua desencarnação, em 1916, com 68 anos de idade, Von
Moltke passou a transmitir uma série de comunicações através da mediunidade de
sua esposa Eliza Von Moltke. Ah! que documento notável deve ser esse! Foi numa
dessas mensagens que o Espírito do antigo Chefe do Estado-Maior informou que o
Führer do Terceiro Reich seria Adolf Hitler, àquela época um obscuro e agitado
político, aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em Espírito, confirmou
a antiga encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível mágico medieval
que vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido, os rituais de
magia negra, cujo conhecimento trazia nos escaninhos da memória integral.
Faltavam ainda algumas peças importantes para consolidar as
conquistas do jovem Hitler, mas todas elas apareceriam no seu devido tempo e
executariam as tarefas para as quais haviam sido rigorosamente programadas nos
tenebrosos domínios do mundo espiritual inferior. O General Eric Ludendorff
seria uma delas. Von Moltke identificou-o com outro papa medieval, que governou
sob o nome de João VIII, que Ravenscroft classifica como "o pontífice de
mais negra memória que se conhece em toda a história da Igreja Romana, que,
como amigo de Landulf de Cápua, ajudou-o nas suas conspirações no século
IX". Novamente, sob as vestes de Eric Ludendorff, o antigo Papa daria a
mão para alçar Landulf (agora Adolf) ao poder.
Vejamos mais um episódio.
Em 1920, era tão patente, através da Alemanha, essa expectativa
messiânica, que foi lançado na Universidade de Munich um concurso de ensaios
sobre o tema seguinte: "Como deve ser o homem que liderará a Alemanha de
volta às culminâncias de sua glória?" O vultoso prêmio em dinheiro foi
oferecido por um milionário alemão residente no Brasil (não identificado por
Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos
futuros, seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua concepção desse
messias político guarda notáveis similitudes com a figura do Anticristo
descrita nos famosos (e falsos) "Protocolos do Sião", segundo
Ravenscroft. Consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente e
pensador austríaco como seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner,
em desdobramento espiritual, penetrava, conscientemente, os mais secretos e
desvairados encontros, onde se praticavam rituais atrozes para conjurar os
poderes que sustentavam a negra falange empenhada no domínio do mundo. Que
andaram muito perto dessa meta, não resta dúvida.
Conheciam muito bem a técnica do assalto ao poder sobre o homem,
através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro "The Last Days
of Adolf Hitler", transcreve uma frase do Führer, que diz o seguinte: Não
vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas
fraquezas. Estava determinado a cumprir sua missão a qualquer preço. - Jamais
capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. –
Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo
conosco – um mundo em chamas. Muito bem. É tempo de concluir. Por exemplo, o
que aconteceu com a Lança de Longinus? Continua no Museu de Hofburg, em Viena,
para onde foi reconduzida após novas aventuras.
Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a Austria, em 1938
e lançou-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou
ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a
situação da guerra começou a degenerar para o lado alemão, construiu-se
secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas meia
dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de
garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em
Nüremberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue.
Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o
avanço implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus
precisava de um abrigo alternativo.
Uma série de providências foi propaganda, com uma remoção
fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra, verdadeira, sob
o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o talismã do
poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo. Por uma dessas misteriosas
razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que sabiam do
segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a
Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça.
Acontece que, entre as peças históricas do Reich, havia uma
relíquia de nome parecido, ou seja, "A Espada de Mauritius", e esta
foi a peça transportada, e não a Lança de Longinus.
Alguma coisa importante deveria encontrar-se atrás
daquelas portas.
E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de 1947, a legítima Lança
de Longinus passou às mãos do exército americano. Naquele mesmo dia, como se em
cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se nos subterrâneos da
Chancelaria, em Berlim.
Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente
no Museu Hofburg, em Viena. Estará à espera de alguém que venha novamente
disputar a sua posse para dominar o mundo? Vejamos, para encerrar, algumas
considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos chamados talismãs?
Questionados por Allan Kardec ( perguntas 551 a 557), os Espíritos trataram
sumariamente da questão, ensinando, porém, que "Não há palavra sacramental
nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre
os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas
coisas materiais".
Continuando, porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu,
com a pergunta 554, formulada da seguinte maneira:
Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a
virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança,
visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal
que apenas lhe auxilia a concentração?
É verdade - respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e
da elevação dos sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído.
Os destaques são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue,
abordando outros aspectos que não vêm ao caso tratar aqui.
Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os chamados
talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem, portanto,
servir de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair companheiros
desencarnados para ajudá-lo na realização de seus interesses pessoais.
Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão em sintonia
moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos
forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções
forem malignas, virão os Espíritos inferiores.
Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências
repetidas de que duas ordens de Espíritos estão ligadas à mística da Lança de
Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as intenções de quem os evoca.
Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais guardam, por milênio a
fora, certas propriedades magnéticas, que preservam a sua história.
Essas propriedades estão hoje cientificamente estudadas e
classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem observados, entre outros,
por Ernesto Bozzano.
Médiuns psicômetras, em contato com objetos, conseguem rever, às
vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em torno da peça de ferro
deve estar altamente magnetizada pelos acontecimentos de que foi testemunha,
desde que foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando pelo momento do
Calvário, diante do Manso Rabi agonizante, até que Hitler a perdeu em abril de
1945. Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história,
tão fascinante que tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos
homens poderosos e desatado muitas paixões nefandas.
E, como explicaria os Espíritos a Kardec, não é a Lança por si
mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que se concentram
nela e querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe atribui. Nisso, ela é
realmente um talismã. Ainda uma palavra antes de encerrar. É certo que Hitler
foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas. Esses
irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em caliginosas
regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração de conquistar
o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível.
Tudo farão para obter esse galardão com o qual sempre sonharam,
muito embora a nós outros não nos assista o direito de duvidar de que lado
ficará a vitória final. Nesse ínterim, porém valer-se-ão de todos os meios, de
todos os processos, para alcançarem seus fins. É claro, também, que não se
empenham apenas no setor político-militar, por exemplo como Hitler, mas, também
procuram conquistar organizações sociais e religiosas que representem núcleos
de poder.
É evidente a obra maligna e hábil que se realizou com a Igreja,
infiltrando-a em várias oportunidades e em vários pontos geográficos, mas
sempre nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem influenciar os
acontecimentos e a própria teologia. O movimento espírita precisa estar atento
a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração.
O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não
pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer
com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e
dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições e, inicialmente,
sem disputar posições.
Muitas vezes, esses emissários das sombras nem sabem,
conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da retaguarda. A
sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente treinados
na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza humana de
que falava Hitler.
A estratégia é brilhantíssima e extremamente sutil, como, por
exemplo, a da "atualização" e da "revisão" das obras
básicas da Codificação, a da criação de movimentos paralelos, o envolvimento de
figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de aparência
inocente ou inócua.
Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão,
fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa
última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção. Quem suspeitaria
de Adolf Hitler, quando ele compareceu, pela primeira vez, a uma reunião de
meia dúzia de modestos dirigentes do Partido dos Trabalhadores?
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