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quinta-feira, 14 de março de 2013

Noé e o Dilúvio





Diz a bíblia que, por causa da corrupção humana, Deus teria se arrependido de haver criado o homem e decidiu destruir a Terra com um dilúvio, e somente um homem achou graça aos seus olhos: Noé. E o Senhor Deus teria dado uma ordem a Noé, que construísse uma arca de madeira, e que recolhesse alimentos para sua família e para os animais que ele deveria levar consigo a fim de se salvarem da grande inundação. Segundo os cálculos bíblicos, isto ocorreu por volta de 2350 a.C. 

“E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra... Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra...
 
“E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. 

“Então disse Deus a Noé: Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. 

“Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão. E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles. Assim fez Noé;
 
“Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração. De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea. Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz. E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenara. 

“No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
 
“E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas;
 
“E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca. E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinqüenta dias.” Gênesis 6, 7, 8 e 9 

Alguns fatos vão de encontro a este relato, pelo menos contra um dilúvio de tal magnitude: 

1. De onde teria vindo toda a água do dilúvio? 

Conforme um estudo realizado por Ruy Miranda , há na atmosfera do planeta em torno de 0,013 x 1015 m3 de água. Em outras palavras são 13 quatrilhões de litros de água em suspensão. Mesmo que toda essa água viesse abaixo na forma de chuva seria suficiente apenas para elevar o nível dos oceanos em 3,64cm. Pensando no impossível, se toda a água da atmosfera viesse a cair apenas sobre a parte seca da Mesopotâmia, e considerando que não escorresse para os mares, o alagamento chagaria a no máximo 2m de altura. 

Conclusão: a água da chuva não poderia ter causado um dilúvio. 

2. A arca poderia comportar todos os animais do mundo? 

Quando Deus dá a ordem a Noé, Ele é específico sobre o tipo arca que deveria ser construída, a madeira a se utilizar e o seu tamanho: 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura. Um côvado equivale à distância entre o cotovelo até a ponta do dedo médio, portanto esta medida varia de acordo com o tamanho do braço da pessoa que mede. Há uma grande variação no que se refere ao comprimento de um côvado em metros, desde 0,42m (côvado judeu) até 0,65m (côvado Hashimi)
Considerando que Noé não era um dos gigantes e usando como base o côvado mesopotâmio, que tinha 0,53m, podemos calcular a medida da arca em metros: 150m de comprimento, 26,5m de largura e 15,9m de altura. Qual o número de animais que uma arca deste tamanho suportaria? 

Acredita-se que existem entre 13 e 14 milhões de espécies de seres vivos no planeta. Deste número, 800 mil foram catalogadas até hoje, entretanto quase dois terços são de insetos. Do restante grande parte são seres que habitam os oceanos ou rios, então vamos nos concentrar apenas nos mamíferos terrestres (em torno de 6000 espécies) e as aves (aprox. 9600 espécies), que teoricamente morreriam com um dilúvio universal, o número chega a um total de 15600 espécies . A arca comportaria tantos bichos? 

Já ouvi alguns defensores da Bíblia afirmando que não havia tantos animais assim na época de Noé, mas considerando o ano de 2350 a.C, ou mesmo 10.000 a.C., como a época provável deste acontecimento, existiam praticamente todos os animais que conhecemos hoje, e outros mais que já foram extintos. 

Conclusão: Noé não poderia ter salvado sequer os mamíferos a as aves. Imagina “toda a carne, em que havia espírito de vida”, como afirma o texto bíblico. 

3. Existem provas geológicas sobre este acontecimento? 

Uma das “provas” que tem sido apresentada por alguns religiosos para dar valor científico à história do dilúvio trata-se de uma teoria que surgiu em 1997. A edição 115 da revista Galileu traz uma reportagem a respeito: 

Dois oceanógrafos, William Ryan e Walter Pitman, da Universidade Columbia, em Nova York, acreditam que esses relatos estão ligados a uma gigantesca invasão das águas do Mediterrâneo no Mar Negro ocorrida naquela época... No final de 1998, os cientistas lançaram o livro Noah's Flood (O Dilúvio de Noé, ainda sem tradução no Brasil), em que descrevem essas idéias. 

De acordo com as suas pesquisas esta grande inundação teria ocorrido por volta do ano 7500 a.C, sendo causada pela ruptura do estreito de Bórforo, e fazendo com que a água do Mediterrâneo, que tinha seu nível bem mais elevado, invadisse o Mar Negro. Acontece que Noé e sua família habitavam a Mesopotâmia, onde teria havido um recuo das águas e não uma inundação. 

Mas, o Livro de Urântia, o que diz sobre Noé e o dilúvio? 

O livro diz que a Terra realmente experimentou grandes inundações que ocorreram entre o período que vai de 350 a 210 milhões de anos atrás. Por várias vezes as terras emergiram e submergiram até que encontrassem uma relativa estabilidade. E por isso a arqueologia tem encontrado fósseis marinhos em altitudes elevadas . Mas isso foi há muito tempo, a raça humana só veio surgir recentemente: há 1 milhão de anos. 

A era humana jamais testemunhou uma dessas grandes inundações, senão alguns afundamentos de terra pontuais. Exemplos de submersões são comuns no livro, como o que aconteceu na região onde se situava Dalamátia, a cidade do Príncipe Planetário que, 162 anos depois da rebelião, afundou sob as águas do mar; o mesmo ocorreu à península onde se situava o primeiro Jardim do Éden, que submergiu em conseqüência de violentos vulcões na vizinhança. 

Foi por volta de 5000 a.C. que houve uma acelerada elevação das montanhas da costa leste, noroeste e nordeste do Mediterrâneo, e isso causou enchentes sem precedentes em todo o vale do Eufrates, por causa do aumento da precipitação de neve nas montanhas ao norte. Muitas cidades dessa região ficaram praticamente desertas, pois seus habitantes tiveram de se mudar para os planaltos a leste. E assim surgiu a história de Noé. 

“A história bíblica de Noé, da arca e da enchente é uma invenção do sacerdócio hebreu, durante o seu cativeiro na Babilônia. Nunca houve uma enchente universal, desde que a vida foi estabelecida em Urântia. A única época em que a superfície da Terra esteve completamente coberta pela água foi durante as idades arqueozóicas, antes que as terras começassem a aparecer.” Pág. 875:1 

“Entretanto, realmente Noé existiu; ele foi um fabricante de vinho em Aram, uma colônia junto ao rio, perto de Erec. Ele mantinha um registro escrito dos dias de alta do rio, ano após ano. Chegou a ser bastante ridicularizado, quando subia e descia o vale do rio, advogando que todas as casas devessem ser feitas de madeira, no feitio de barcos, e que os animais da família fossem colocados a bordo todas as noites, quando se aproximasse a estação das enchentes. Todos os anos, ele ia às colônias ribeirinhas da vizinhança, prevenir que, dentro de alguns dias, as enchentes chegariam. Finalmente, veio um ano no qual as enchentes anuais aumentaram bastante, por causa de uma chuva anormalmente pesada, de modo que a súbita elevação das águas levou toda a aldeia; apenas Noé e os mais próximos, na sua família, salvaram-se na sua casa flutuante.” Pág 875:2

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